Crédito a 100% do valor da compra, ainda é possível?

Sim, é! As soluções existem, mas não são milagrosas. Só se possíveis.

Será sempre preferível esperar algum tempo para juntar poupanças. Mas existem algumas soluções:

  • Construir em terreno de que se é proprietário
    É habitual, por exemplo, nas zonas fora das grandes cidades, os pais possuírem terrenos viáveis para construção e doarem-nos aos filhos. Se for esse o caso, há uma alternativa ajustável: existem alguns bancos que financiam até 100% do custo uma nova casa. No entanto, terão sempre de existir algumas poupanças, mesmo que pequenas, quer para as despesas da escritura de financiamento, quer para fazer face ao custo do projeto/arquitetura – não financiável! –, custo do licenciamento camarário – não financiável! –, eventuais primeiras despesas com a obra e ainda para a primeira parte da obra, que atualmente, os construtores não assumem e pedem entrega de valores com a assinatura do contrato e/ou início da obra.

Verifique mais sobre este tema num dos casos em que retratamos esta temática da autoconstrução de moradias, neste livro.

  • Adquirir um imóvel que é da Banca
    Os imóveis da Banca, que estão à venda, podem ser financiados a 100% e normalmente

existe abertura do banco para o efeito, porque pretende desfazer-se rapidamente do imóvel para poder contabilizar as respetivas imparidades, isto é, valores contabilísticos que antecipam o prejuízo no balanço dos bancos. Mas, geralmente, são imóveis a precisar de obras e/ou em locais menos nobres. Convém relembrar que são necessárias poupanças para as despesas iniciais com o processo de crédito, avaliação de imóvel, escritura e impostos, que não são financiáveis, exceto se optar por um leasing imobiliário, assunto que pode estudar no caso específico sobre esse produto.

  • Adquirir um imóvel em planta
    Se, o comprador, adquirir um imóvel que esteja num estado inicial de construção, cuja escritura de aquisição e venda e mútuo com hipoteca ao banco só se realize dentro de 12, 18 ou 24 meses, talvez consiga negociar com o construtor um plano faseado de sinalização, à medida que o tempo decorre, cerca de 5% do valor da aquisição, 90 dias após a assinatura do CPCV, e depois reforços sucessivos a cada de 90 dias.

No entanto, este cenário só é exequível se os rendimentos do comprador forem elevados, e como o tempo passa rapidamente se apenas conseguir exemplificativamente libertar 1.500 € por mês, significa que os meses, o potencial comprador só conseguiria poupar 9.000 €, o que ainda não será suficiente para o plano de pagamento acordado. Embora assim, é uma solução eventualmente a ter em conta, até porque aquisição de um novo imóvel, acabando de construir, é sempre uma aquisição de um imóvel valorizado.

Esta solução tem um lado imprevisível: a evolução de mercado. Se o mercado imobiliário evoluir de preço, favoravelmente, ao longo desse período, o comprador poderá, se quiser, antes da escritura, ceder a sua qualidade de construção e capacidade de concluir a obra.

Leasing imobiliário
Esta solução permite o financiamento a 100%, incluindo impostos e despesas associadas à aquisição. Parece uma excelente solução. Pois é, mas existe sempre outro lado: a taxa de juro é mais elevada do que se optar por um CH, existe um valor substancial para pagar, de uma só vez, no final do contrato, 10 a 20%, e o prazo é mais curto, não ultrapassando, habitualmente, os 20 anos. Existe, também, um rigor adicional na aprovação destes casos, por parte da banca. É uma solução, mas não existem soluções perfeitas. Os bancos que dispõe desta solução também são poucos.

Não é garantido que, existindo a solução para um financiamento a 100%, o banco a autorize a aplicar ao caso do comprador.

Arrendamento, com opção de aquisição
Trata-se de mais uma opção a considerar caso não se possuam capitais próprios. Mas é duplamente difícil, porque terá de se encontrar o imóvel de sonhos e também um vendedor que esteja disponível para não realizar, de imediato, a venda do mesmo. Trata-se de celebrar um contrato de arrendamento, com opção de aquisição, ou seja, pagar durante um período inicial de 12, 24, 36 meses, ou outro período que se convencione com o vendedor, findo o qual se exercerá ou não, a opção de compra, sendo que os valores, que se pagou, de rendas serão considerados para a entrada desse mesmo imóvel. É uma opção a considerar caso não se tenha poupanças. Também apresenta outros benefícios, como, o facto de que se por algum motivo aquela deixar de ser a casa de sonhos, se poder desistir e não se avançar com a opção de aquisição, se estiver previsto contratualmente.

Crédito à habitação + crédito pessoal para obter 100% do financiamento
Não, definitivamente não é um bom caminho. Se a proposta, para obter 100% de financiamento, for fazer um crédito à habitação e à parte constituir um crédito pessoal, a reflexão deve ser muito ponderada, pois as 2 prestações são, quase sempre, incompatíveis com os rendimentos mensais, ordenado, e este valor funcionará como se fosse “uma prisão” durante largos anos, já que se os rendimentos não evoluírem, será toda uma vida limitada por 10, 20, 30 ou até mais anos. O Banco de Portugal desaconselha, ou mesmo proíbe veementemente, este cenário. Aconselha-se juntar poupanças ou rendimentos extra durante 1 ou 2 anos. É uma solução mais assertiva para adquirir a casa de sonhos!

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